Religiosidade que pulsa e impulsiona Santa Maria

Pâmela Rubin Matge,José Quintana Jr.

Religiosidade que pulsa e impulsiona Santa Maria
Viagens de peregrinações, visitas a locais de caráter histórico e religioso e espetáculos de cunho sagrado movimentam multidões há séculos. Os registros das primeiras romarias brasileiras são de 1700, após a aparição da imagem da Virgem Maria, em Aparecida (SP). No início de 1900, a Igreja Católica começou a incentivar as romarias por meio de eventos organizados, investimentos em via de transporte e propaganda desses eventos. Santa Maria vive o ápice de sua religiosidade materializada da 79ª Romaria Estadual da Medianeira. Fiéis locais pagam promessas e fazem pedidos e participam da programação, bem como devotos de diferentes regiões do Brasil e até de países vizinhos chegam à cidade para participar da celebração que, nesta edição, traz como tema: “Medianeira da Graça, educadora da paz.”

DESENVOLVIMENTO

Além da tradicional Trezena Móvel, quando missas ocorrem em diversas paróquias 13 dias antes da Romaria, e da feira de doces, as capelas do Santuário-Basílica foram revitalizadas  e ações especiais para atrair os jovens estão contempladas na programação. É que, em 2022, a Romaria retoma as atividades na íntegra após atravessar a pandemia da Covid-19. Em 2020, as celebrações foram realizadas de forma online. No ano passado, a Romaria foi parcialmente presencial, com carreata que acompanhou a imagem de Nossa Senhora Medianeira e em missas no Santuário. Neste ano, de forma inédita, a Romaria ocorre em dois dias. A expectativa é que o crescimento no movimento dos restaurantes seja de 30% a 50%, e na rede hoteleira em torno de 30%, conforme informaram representantes desses segmentos. 

Mais que um evento em que a exaltação da fé em à Mãe Medianeira é o objetivo principal, as cultura, o turismo, a economia e o desenvolvimento da cidade também ganham.

IMAGEM E DEVOÇÃO

A imagem de Nossa Senhora Medianeira, pintada pela irmã franciscana Angelita Stefani (1911-2005), chegou a Santa Maria em 25 de maio de 1930, vinda de Passo Fundo. Antes da vinda do quadro, a Medianeira só havia sido vista por poucas pessoas, em um pequeno “santinho”, preto e branco, trazido da Bélgica pelo padre Ignácio Valle, que foi o grande difusor dessa devoção. No dia 31 daquele mês, ocorreu uma festa diocesana da Medianeira no Seminário São José – que ficava onde hoje está o Parque da Medianeira. Foi a estreia da imagem no altar.

A devoção a Medianeira ganhou força em Santa Maria devido ao temor de a cidade servir de palco para um confronto militar em 1930. Com medo, um grupo de 23 senhoras organizou uma procissão, no dia 5 de setembro, pedindo paz. Uma peregrinação oficial, com cerca de mil.

Com fé em Medianeira e em Aparecida Rosane ajuda a recepcionar os romeiros

Com berço na Quarta Colônia, Rosane Guerino da Rocha, 64 anos, é funcionária pública aposentada. Ela nasceu e cresceu em Silveira Martins rodeada de muita fé. Estudou no colégio religioso para meninas, o Colégio Bom Conselho, e acompanha os pais nas missas semanalmente. O caminho de devoção foi seguido naturalmente ao longo da juventude, quando mudou-se para Santa Maria. Já na fase adulta, a reiteração da crença se dá ao acompanhar terços, eventos sacros e poder extrapolar fronteiras. É que Rosane já foi até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, no interior de São Paulo, três vezes. Por meio do turismo religioso, ela teve a oportunidade de elevar a espiritualidade e experimentar uma troca de experiências e culturas. E é dessa forma, como devota e voluntária na 79ª Romaria Estadual da Medianeira, que ela pretende receber os romeiros de diversos locais do país:

– Desde que vim morar em Santa Maria, aos 15 anos, nunca deixei de ir em uma procissão da Medianeira. Também comecei a fazer as novenas e, hoje,  trezena, nas diferentes paróquias dias antes da Romaria. Minha devoção e fé só foram aumentando com isso tudo. Aprendi que não existe forca maior que a fé. Fui três vezes a Aparecida e, se Deus quiser, irei muitas outras. É inexplicável. Neste ano, estarei ajudando daqui da Basílica e recebendo os fiéis que vêm para nossa cidade e para ver a Mãe Medianeira.

Caminhos de Caravaggio fortalecem a Serra Gaúcha

Foto: Santuário de Caravagio, divulgação

A partir da identificação do potencial atrativo regional aliado ao interesse da comunidade em preservar a paisagem da Serra Gaúcha e melhorar a vocação religiosa, turística e empreendedora, iniciou-se um trabalho de estruturação de um caminho de peregrinação que ligasse o Santuário de Caravaggio localizado na cidade de Canela com o Santuário, em Farroupilha, principalmente por estradas rurais. Assim nasceu o Caminhos de Caravaggio.  O embrião da iniciativa coemçou com a tradicional Romaria de Caravaggio, que ocorre anualmente em 26 de maio. Neste a 122ª edição do evento movimentou milhares de fiéis.

Em 2021, o projeto teve um aumento de 290% de pessoas percorrendo os trechos. Considerando o crescimento da abertura de empresas nos cinco municípios (Canela, Gramado, Nova Petrópolis, Caxias do Sul e Farroupilha) que circundam os Caminhos de Caravaggio, esses equivalem a 60% do aumento de novos CNPJs desde 2020 , segundo a prefeitura de Farroupilha.

 – O roteiro Caminhos de Caravaggio trouxe para região uma nova opção de turismo, o turismo de peregrinação.  Recebemos turistas de outros países.  Foi uma nova fonte de renda para as pessoas que vivem no entorno. Temos exemplos de mulheres que trabalhavam na agricultura e agora possuem pequenos empreendimentos à beira do caminho, como pousadas, venda de produtos da agricultura familiar. Já os hotéis também aumentaram índices de ocupação celebra – conta a secretária de Desenvolvimentos Econômico e Inovação de Farroupilha, Regina Celia Ducati.

No Brasil

Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida – Em Aparecida do Norte, no interior de São Paulo

Nova Trento (SC) – Cidade catarinese é o segundo destino de turismo religioso que mais recebe fiéis no Brasil, atrás apenas de Aparecida0

Celebração do Círio de Nazaré – Em Belém (PA) reúne cerca de 1,5 milhão de pessoas em uma famosa procissão

Templo de Salomão – Em São Paulo (SP), a atração é a sede mundial da Igreja Universal do Reino de Deus e é uma alusão ao lugar sagrado citado na Bíblia

No mundo

Cidade do Vaticano – Sede da Igreja Católica Romana que tem a Praça e a Basílica de São Pedro, museus, onde, inclusive, encontra–se a Capela Sistina

Santiago de Compostela (Espanha) – Reúne peregrinos que costumam pagar promessas e conhecer o suposto trajeto feito pelo discípulo de Cristo na Galícia. O local foi incluído na lista de Patrimônios Mundiais pela Unesco em 1993

Fátima (Portugal) – Situada na região da Serra de Aire, a cidade é sede do Santuário de Fátima

Jerusalém (Israel) – A Cidade Sagrada é o berço do islamismo, do judaísmo e do cristianismo. Contempla a Cidade Antiga, tombada como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, que tem locais como Torre de Davi, a Basílica do Santo Sepulcro, o Muro das Lamentações, o Monte do Templo e as mesquitas

Meca e Medina (Arábia Saudita) – Notabilizam–se por serem a sede da Kaaba (pedra negra de Abraão) e da primeira mesquita construída por Maomé. Em Medina, também está o túmulo do profeta

Entidades do comércio e serviços projetam o turismo religioso para toda a região

– Há anos que o setor produtivo enxerga esta como a principal procissão do Estado, o potencial para colocar Santa Maria de vez nesse mapa. O turismo religioso é um importante vetor de geração de emprego e renda. Agora, o primeiro passo foi dado para que os romeiros venham a Santa Maria expressar sua fé, mas que também tenham tempo para conhecer nossa cidade. Cabe agora à população e ao setor produtivo abraçar ainda mais a Romaria como a data significativa que, é para nosso calendário municipal, fazendo com que nossos visitantes se sintam em casa – afirma Ademir José da Costa, presidente do Sindilojas.

Na mesma linha de pensamento, o novo presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)de Santa Maria, Márcio Rabelo avalia positivamente a ampliação de duração da Romaria.

– Da mesma forma que as peregrinações da Basílica de Aparecida do Norte, em São Paulo, e a Romaria de Caravaggio, aqui na serra gaúcha, e tantos outros eventos religiosos, a Romaria da Medianeira atrai milhares de fiéis à nossa cidade. A CDL Santa Maria avalia como positiva a iniciativa de ampliação da duração do evento para dois dias, porque isso pode proporcionar grandes oportunidades, principalmente nos segmentos hoteleiros, gastronômico, inclusive o comércio – pontua Rabelo.

79ª Romaria Estadual da Medianeira

De 5 e 6 de novembro

Quermesse no parque aberta ao público  

Orquestra Sinfônica de Santa Maria apresentará o Concerto para Maria no Altar-monumento, às 20h do dia 5

Às 22h haverá uma Procissão Luminosa no Parque

À meia noite de sábado haverá uma Serenata para Maria com oferecimento de flores em gratidão pela proteção da Medianeira nas horas de provação

Durante toda madrugada, na Basílica, jovens irão louvar e cantar para a Virgem

Dia 6, Procissão sairá às 8h30min da Catedral em direção à Basílica  

10h Banda da Base Aérea acolherá os romeiros no Parque

Missa das 10h será celebrada por todo o clero e presidida pelo Arcebispo de Goiânia e presidente da Comissão de Educação e Cultura da CNBB, Dom João Justino de Medeiros e Silva

O Arcebispo de Santa Maria, dom Leomar Antônio Brustolin, presidirá a missa das 18h com os educadores da cidade, momento de encerramento da Romaria 2022

Gastronomia e cultura como atrativos

Se há turismo, há a gastronomia. Um dos principais pratos típicos do Estado, o churrasco, é um dos mais procurados pelo público nos dias de Romaria. Segundo o empresário Matheus Giovanaz, 40 anos, dono da Churrascaria Tertúlia, a expectativa é de crescimento acima dos 30%.

– O movimento sempre foi forte aos domingos. É difícil precisar um número, pois será a primeira vez que também terá atividades no sábado. Mas a expectativa de crescimento é acima dos 30% com a adição de um dia na romaria – afirma o empresário, lembrando que, neste fim de semana, também ocorre a Tertúlia Nativista em Santa Maria.

A empresária Márcia d’Avila Rocha, proprietária do restaurante Babette, 59 anos, projeta números ainda mais positivos, mesmo não abrindo o espaço no domingo.  

– Nos dias que antecedem a romaria, sempre aumenta o movimento 30% a 40%. Vejo com bons olhos. Movimenta a economia. Durante a pandemia foi difícil, caiu bastante, talvez 60% nos primeiros meses. Com a romaria em dois dias, acredito que o movimento cresça entre 40% a 50% – sinaliza Márcia.

João Provensi, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Santa Maria, acredita que o sucesso da Romaria pode retomar o que ocorria no início dos anos 1990, quando vinham para Santa Maria devotos de diversos Estados do país, inclusive de longas distâncias.

– Muito boa à expectativa por ser dois dias, embora ainda não seja possível falar em números, porque será a primeira vez.  Santa Maria possui o maior movimento religioso do Estado. Nos anos 90 vinham pessoas do centro do país, nordeste. Infelizmente, nos últimos anos diminuiu o movimento. Mas agora a expectativa é grande, que as pessoas voltem a Santa Maria – conclui Provensi.

Um potencial econômico para Santa Maria

O turismo religioso é um segmento que, de acordo com Ministério do Turismo, movimenta cerca de R$ 15 bilhões por ano no Brasil, recebendo em média cerca de 30 mil estrangeiros em função do turismo religioso. De olho no potencial turístico e econômico, Santa Maria se organiza para sacramentar o maior evento religioso do Estado, a Romaria Estadual da Medianeira, em polo turístico. A expectativa é que mais de 200 mil pessoas participem das atividades da 79ª edição, que envolve missas, apresentações artístico-culturais, espaços temáticos, espaço kids, chimarródromo, praças de alimentação e a tradicional feira de doces.  

– Realizar um evento diferente já é um desafio. É uma grande vitória conseguir realizar. Foi feito em muitas mãos, a estrutura é diferente é grande no Parque da Medianeira. A proposta do arcebispo para o turismo religioso é  fundamental, pois já era o maior evento religioso do Estado,  e agora se torna um evento religioso com dois dias de programação e atrações – afirma a secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Santa Maria, Ticiana Fontana.

O munícipio realizou uma força-tarefa para a organização do evento, desde a parceria com hotéis e restaurantes nos dias que antecedem o evento, com descontos e promoções para o público. O parque teve melhorias na estrutura dos estandes e banheiros para receber o público com maior conforto. Ao todo, 322 bancas ficarão instaladas na Avenida Medianeira durante a 79ª Romaria da Medianeira.

Além disso, visando obter propostas para o crescimento e expansão da Romaria como evento de turismo, uma pesquisa será realizada pelo curso de Turismo da UFSM com o perfil do romeiro para melhorar o acolhimento nas próximas edições.

– Que seja um marco para a cidade, que ano que vem se repita e seja ainda maior – finaliza a secretária.  

Expectativa é de retomada do movimento anterior à pandemia na rede hoteleira

 Após enfrentar sérias restrições provocadas pela pandemia, o setor de bares e restaurantes vive à espera da retomada e crescimento. Pelo menos 10 hotéis realizaram descontos especiais para receber os romeiros de fora da cidade. Em um dos maiores locais de hospedagem da cidade, além de retomar os números anteriores da pandemia, a expectativa é pela consolidação da romaria como evento turístico nos próximos anos.

– Os reflexos da pandemia também repercutiram na hospedagem. A expectativa é de retomada pós-pandemia do evento para avaliar. Já há uma demanda de reservas de grupos que virão para a Romaria. Com a solidificação do evento em dois dias, a economia terá um retorno como um todo – argumenta Daniel Lenz, gerente do Park Hotel Morotin, 44 anos.

Conforme Emerson Nereu, presidente da Associação de Hotéis, Restaurantes, Agências de Viagens e Turismo de Santa Maria e Região (AHTurr), a projeção é que hotéis e pousadas cheguem a 30% de ocupação dos cerca de 2,7 mil leitos disponíveis:

– Historicamente, a Romaria traz milhares de pessoas à cidade. Com uma agenda maior no final de semana, haverá a possibilidade de atrair estas pessoas a conhecerem mais locais de Santa Maria.

“Esperamos que quem sair da Romaria, tenha esses dois sentimentos: espiritualidade e fraternidade”

EM meio aos preparativos para a 79ª Romaria Estadual da Medianeira, dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo metropolitano de Santa Maria, falou ao Diário sobre projetos nas paróquias da região, adesão dos jovens à Romaria e o que o turismo religioso deixará como legado para os santa-marienses, e para quem chega e sai da cidade. Confira a entrevista.

Diário de Santa Maria – Esse projeto da Romaria Estadual da Medianeira em dois dias deve ser mantido nos próximos anos ou ainda pode ser ampliado?

Dom Leomar Antônio Brustolin – A Romaria da Medianeira, na verdade, ocorre ao longo de toda Trezena porque romaria significa “ir a Roma ao encontro de Deus”. Toda a Trezena foi uma experiência muito intensa de oração nesta cidade. Quem participou em grupo numeroso, fortaleceu sua fé. Portanto, eu gostaria que a gente começasse a entender a Romaria com esses 15 dias: 13 mais dois. Se vai ser mantido ou ampliado o tempo, isso não sabemos ainda, pois vamos avaliar em conselho de pastoral. Mas o certo é que nós vamos intensificar sempre a ideia de que Romaria não é um dia. Romaria é todo esse tempo, até porque turistas vieram para Trezena e nem todos perceberam isso na cidade. A Trezena também mobiliza pessoas para virem a Santa Maria.

Diário – No país, eventos religiosos em homenagem à Aparecida ou ao Círio de Narazaré movimentam multidões. Santa Maria também contempla o turismo religioso, embora em menor proporção. O que o senhor acha que pode ser feito para alavancar essa potencialidade?

Dom Leomar – Diversos lugares do mundo estão percebendo o valor do turismo religioso, quando as pessoas viajam em busca de um sentido espiritual e de intensa vivência de espiritualidade. Em Santa Maria, isso já está pronto em termos de sentido, que é a Medianeira, que atrai há muitos anos. Quando a gente fala de turismo religioso,  fala em melhorar a estrutura para ser mais hospitaleiro, não apenas acolhedor. Hospitaleiro é um conceito maior e deriva de hospitalidade. Portanto, eu acho que há um potencial muito grande, não só em Santa Maria, mas na região, principalmente a Quarta Colônia e a gruta de Nossa Senhora de Fátima, em Nova Esperança do Sul. Nós achamos que há uma forma de intensificar a parceria da Igreja com os municípios para valorizar a fé e também desenvolver a região por meio do turismo religioso. Aliás, em 2021, eu reuni os prefeitos da região para tratar esse assunto. Aos poucos, vamos criando essa mentalidade da potencialidade da região para o turismo religioso.

Diário –A Arquidiocese, durante a organização da 79º Romaria chegou a dialogar com entidades, rede hoteleira e restaurantes? Há comparativos de outros anos e alguma projeção para este ano?

Dom Leomar – Para preparar a 79ª Romaria da Medianeira, a arquidiocese dialogou com várias forças vivas da cidade: universidades, prefeitura, vila militar, empresários, comércio e, acima de tudo, escutamos pessoas que têm muita experiência. Quero destacar a Secretaria de Turismo do município que nos ajudou a entender, cada vez mais, a possibilidade que nós temos de desdobrar ainda mais a Romaria. Dialogando com a cidade, percebemos o potencial que aqui existe. Mais do que desafios, são oportunidades. Por isso, continuaremos trabalhando nessa linha de escutar o que está acontecendo para enxergar melhor as possibilidades que temos. Não se trata de dizer, hoje, como vai ser a Romaria do ano que vem, mas ser capaz de perceber os sinais que o tempo mostra. Por exemplo, a pós-pandemia: o que nos ensinou para melhorarmos ainda mais a Romaria? De forma alguma estamos fazendo algo totalmente novo ou diferente das outras edições. Estamos acrescendo elementos com a cidade e com a região, com os 26 municípios da arquidiocese e as 40 paróquias, que estão envolvidas na produção de alimentos para quermesse e com voluntários de diversos lugares. Isso significa que a Romaria não é mais só da cidade de Santa Maria, mas de toda arquidiocese. Isso também é um valor muito grande para ampliarmos o número de pessoas envolvidas na preparação, organização e execução nesta grande festa do centro do Estado.

Diário – Com relação aos diferentes públicos, especialmente os jovens, como o senhor avalia a relação da fé e este momento do catolicismo no país?

Dom Leomar – A questão dos jovens sempre é um desafio grande para toda a sociedade: onde estão nossos jovens? E isso não é só para a Igreja. Pensamos enquanto arquidiocese uma forma de agregarmos a juventude, sua capacidade, disponibilidade e generosidade na Romaria. Fomos convocando jovens da nossa região e fiquei impressionado com o bom retorno que tivemos. Pessoalmente, tenho acompanhado a Romaria Jovem. Esse é um trabalho que quero desenvolver cada vez mais: os jovens e as crianças na Igreja, para que eles possam estar protegidos contra as forças que tendem, às vezes, a desintegrar a família, a juventude, a criança e o idoso. Portanto, percebemos, neste ano, uma resposta muito grande. Os jovens têm sede de Deus, de sentido da vida e de ética para conviver. Eles são muito generosos quando nós damos protagonismo a eles. Deus seja louvado pela experiência dos jovens entre nós.

Diário –Além da Romaria,  a arquidiocese trabalha com outros projetos para Santa Maria e região?

Dom Leomar – A arquidiocese tem muitas atividades e projetos que são menos visíveis que a Romaria, porque A Romaria envolve uma população bem maior. Mas em cada comunidade e em cada paróquia há iniciativas muito significativas na linha da espiritualidade, da convivência, da festa, da capacidade de trabalhar a cultura local e valorizar a história. Especialmente, o cuidado com a caridade, com as pessoas que passam maior necessidade. Esses projetos todos mostram o quanto estamos envolvidos e interessados em colaborar para o crescimento de todos. E para que todos nós possamos, seguindo o Evangelho de Cristo, desenvolver nossas capacidades e desenvolver uma espiritualidade capaz de ressignificar a vida.

Diário – O que os romeiros podem esperar da 79ª Romaria Estadual da Medianeira e o que levarão como principal lembrança?

Dom Leomar – Espero que os romeiros da 79ª Romaria Estadual da Medianeira percebam o ambiente de espiritualidade e hospitalidade que foi muito bem pensado e preparado. Espero que possamos expressar aquilo que tanto desejamos,  e que a Medianeira está de braços abertos para acolher. Por isso, ela é a nossa educadora da paz. Ela nos educa para a convivência, para superar as divisões, para buscarmos dias melhores unidos e superarmos as grandes guerras no mundo e dentro de casa. O sentido de Maria que está de braços elevados mostrando para o ser humano que Deus existe. Muita gente vive como se Deus não existisse. A Romaria será um grande sinal, um farol luminoso que diga para as pessoas: pensem em Deus, que a vida passa e tem um rumo, uma bússula que só pode ser o céu. Portanto, como diz o lema: Medianeira da graça e educadora da paz,  traz o desenvolver de uma espiritualidade que fortaleça as pessoas para viverem em paz caminhando para um futuro pleno que só em Deus encontraremos. Esperamos que quem sair da Romaria tenha esses dois sentimentos: espiritualidade e fraternidade.

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